RESENHA: LINGUAGEM PERDIDA, DE DAVID LEAVITT

Linguagem Perdida
"Afinal, tudo precisa ser dito?" Essa frase é proferida pela personagem Rose, mãe de Philip, quando este se assume homossexual em "Linguagem Perdida", de David Leavitt. Philip bem que poderia ter rebatido a mãe: "Não é porque a senhora esconde segredos importantes de sua vida que eu deva fazer o mesmo". Cada um revela ou esconde o que bem entender, mas é tolo delimitar o que deve ser exposto e o que não - sobretudo tratando-se da sexualidade, de algo tão intimo e essencial à vida humana.

Primeiro romance de David Leavitt, escrito em 1986, Linguagem perdida expõe nossa introspecção sentimental diante de falsas aparências, segredos e mentiras.
A história recebeu adaptação para a tv em 1991, feita pela BBC. Gravada em Londres, toda a história se passa, na verdade, em Nova Iorque. O filme completo pode ser encontrado, em inglês, no You Tube.

No começo somos apresentados ao dia a dia da família Benjamin - Rose, Owen e Philip. Rose conta-nos de sua rotina entediante após mais de vinte anos de casada, prestes agora a perder o apartamento onde mora com o marido, Owen. Em um passeio não habitual que faz por Nova York num dia de domingo, acaba por encontrar o marido e, diante de certo desconforto, despedem-se ambos assustados, e se dão conta de que não conhecem um ao outro verdadeiramente.

David LeavittOs passeios de Owen no domingo são frequentes desde que se casaram. Rose nunca sabe por onde o marido anda e nem ousa perguntar, talvez por medo da resposta - as quais, no fundo, todos já sabem. E os segredos se acumulam e a linguagem, antes fácil, torna-se mais difícil com o tempo, até tornar-se perdida.  Owen, por sua vez, narra-nos suas aventuras sexuais em cinemas pornográficos, tendo encontros fortuitos com homens desconhecidos, sequer trocando nomes ou qualquer outra palavra no decorrer do ato. É o gay casado e enrustido.

Adaptação para tv feita em
1991, pela BBC
Philip, no romance, é o gay careta, inseguro que, como tantos outros, em parte por causa da AIDS, a qual no livro, serve como justificava para isto, almeja um relacionamento estável e monogâmico. Philip engata relação com Eliot, um gay hedonista, desinibido sexualmente, muito bonito e inteligente, criado por pais homossexuais ricos deste pequeno após a morte trágica de seus pais. Philip deseja saber tudo sobre Eiot, e este se esquiva todo o tempo, por dizer-se reservado. [SPOILER] A verdade é que Eliot nunca amou Philip e que este serviu como um passatempo seu. Achei-o cínico a maior parte do tempo.[SPOILER]

Ha ainda uma personagem lésbica e negra, colega de quarto de Eliot, que, pra mim, tive impressão tratar-se de um engodo. Jerene assumiu sua orientação sexual aos pais adotivos e é expulsa de casa. Linguagem Perdida é o nome de sua tese antropológica sobre comunicações próprias. No livro, Jerene explica um caso de um garotinho criado por uma mãe problemática que, sozinho em casa e perto de uma construção de prédios, começa a imitar sonos do guindaste, o que condiz com o título do livro no original "The Lost Language of Cranes" (algo como "Linguagem Perdida dos Guindastes") .

As capas estrangeiras são
lindíssimas <3 
Além destes personagens, há outros dois que aparecem no finalzinho, e apesar de pouca aparição, conseguem se destacar e ser mais queridos que os principais. São eles: Laura, namorada de Jerene, e Brad, colega de Philip - que, diferente deste, alimenta o dobro de esperanças em ter uma relação estável e monogâmica. É um fofo - para o autor, creio, não passa de um tolo. Me incomodou o fato de o autor endeusar muito Eliot, tanto quanto Philip o fizera, como se este pudesse representar um modelo correto de como viver um relacionamento amoroso.

Linguagem Perdida é um bom livro, não mais que isso. O início é enfadonho, mas a medida que os fatos vão sendo revelados e, pra mim, que personagens como Philip e Owen vão ganhando destaque na trama, a história torna-se mais atraente - sobretudo nas páginas finais, cheias de intensas revelações. Pode ser encontrado facilmente na Estante Virtual a um preço em conta. Comprei o meu com frete grátis por apenas 8, 00. Recomendo tanto o site quanto o livro!

MAURICE - 1987

Maurice (Maurice) - Poster / Capa / CartazA dificuldade em assumir a homossexualidade é vivida por um jovem executivo inglês, no início do século 20.

Dirigido por: James Ivory

MISTÉRIOS DA CARNE - 2004

Mistérios da Carne (Mysterious Skin) - Poster / Capa / CartazAos 8 anos, Brian Lackey (Brady Corbet) acordou do lado de fora de sua casa com o nariz sangrando, sem ter idéia de como tinha chegado lá. Depois do incidente ele nunca mais foi o mesmo: tem medo do escuro, urina na cama e é assombrado por pesadelos. Agora, aos 18 anos, ele acredita ter sido abduzido por alienígenas. Neil McComick (Joseph Gordon-Levitt), também de 18 anos, é um adorável forasteiro, o rapaz que todos admiram a distância. Quando seus caminhos se cruzam, eles descobrem que as memórias mais importantes de suas vidas não são o que parecem.

Dirigido por: Gregg Araki

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C.R.A.Z.Y. - 2005

C.R.A.Z.Y. - Loucos de Amor (C.R.A.Z.Y.) - Poster / Capa / CartazNo dia 25 de dezembro de 1960, Zachary Beaulieu vem ao mundo. É o 4º entre 5 irmãos, todos meninos. A infância de Zachary é marcada pelos aniversários natalinos em que seu pai (Michel Côté), invariavelmente, encerra a festa imitando Charles Aznavour. Sua adolescência traz a descoberta de uma sexualidade diferente e sua negação profunda para não decepcionar a família. E a maturidade, enfim, chega com uma libertadora viagem mística por Jerusalém, a cidade que sua mãe sempre sonhou conhecer.

Dirigido por: Jean-Marc Vallée

ORAÇÕES PARA BOBBY - 2009

Orações para Bobby (Prayers for Bobby) - Poster / Capa / CartazMary (Sigourney Weaver) é uma religiosa que segue à risca todas as palavras da bíblia. Quando seu filho Bobby (Ryan Kelley) revela ser gay, ela imediatamente leva o filho para terapias e cultos religiosos com o intuito de “curá-lo”."

Dirigido por: Russell Mulcahy

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RESENHA: O PACIFISTA, DE JOHN BOYNE

O Pacifista O Pacifista foi o primeiro livro que li de John Boyne e certamente será o último. Confesso que esperava um romance focado no relacionamento entre Tristan e Will, em como lidavam com os sentimentos em relação ao outro no início do século XX, quando a homossexualidade ainda era vista como doença, degeneração de caráter; e sendo soldados na primeira guerra mundial então, havia um cenário perfeito para uma grandiosa história de amor... Não foi o que aconteceu. Basicamente a trama arrasta-se, maçantemente, até os reveladores e emocionantes capítulos finais, enchendo páginas com detalhes desnecessários à trama e criando um ar de mistério fajuto, pouco elaborado.

A história é contada em primeira pessoa pelo personagem Tristan, ex-soldado da primeira guerra mundial, que resolve escrever a Marian, irmã de seu querido amigo Will, avisando-a de que tem cartas que ela o endereçou e, caso permita, compromete-se a entregá-las pessoalmente em sua cidade natal. Após seu consentimento tardio, Tristan vai ao encontro de Marian e, enquanto conversam, somos transportados para os horrores em que vivenciou quando treinavam para o combate, ainda na Inglaterra, e de quando viajaram para a França e ficaram nas trincheiras. Somos apresentados ao dia a dia angustiante da guerra, dos dilemas morais dos personagens, de suas perspectivas de vida, do companheirismo que se aflorava entre eles, da maneira como muitos se transformavam ao que chamariam de monstros estando fora daquele horror. 

Os capítulos finais, como disse, são reveladores e fazem jus a todo drama sofrido por Tristan em querer esconder o que fizera. Ainda assim, não vi razão pra tanta culpa. Provavelmente faria o mesmo. De qualquer modo, não o julguei como errado, monstro e nem tão covarde no fim. Ao contrário do que Will lhe disse, e este que nada sabia de sua vida, ele não estava fugindo. Pelo contrário, havia procurado sua família na esperança vã de uma reaproximação. Procurou o próprio Will e declarou seu amor, o sentimento mais puro e nobre que mantinha por alguém àquela fase de sua vida. E foi barbaramente trucidado, fuzilado por Will sem qualquer piedade, repito, a pessoa que mais amava até então - a única. Em minha mente, Tristan continuará sendo um garoto ingênuo, apaixonado e vítima de um tempo insensível ao amor e a dor humana.

FREIER FALL - 2013


Queda Livre (Freier Fall) - Poster / Capa / CartazA história do filme é em torno da vida de dois policiais Marc Borgmann (Hanno Koffler) e Kay Engel (Max Riemelt) que com a convivência, acabam se envolvendo. Marc acaba ficando dividido entre viver o desejo de uma nova experiência e o amor pela sua namorada, que está gravida.

Dirigido por: Stephan Lacant

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