RESENHA: O PACIFISTA, DE JOHN BOYNE

O Pacifista O Pacifista foi o primeiro livro que li de John Boyne e certamente será o último. Confesso que esperava um romance focado no relacionamento entre Tristan e Will, em como lidavam com os sentimentos em relação ao outro no início do século XX, quando a homossexualidade ainda era vista como doença, degeneração de caráter; e sendo soldados na primeira guerra mundial então, havia um cenário perfeito para uma grandiosa história de amor... Não foi o que aconteceu. Basicamente a trama arrasta-se, maçantemente, até os reveladores e emocionantes capítulos finais, enchendo páginas com detalhes desnecessários à trama e criando um ar de mistério fajuto, pouco elaborado.

A história é contada em primeira pessoa pelo personagem Tristan, ex-soldado da primeira guerra mundial, que resolve escrever a Marian, irmã de seu querido amigo Will, avisando-a de que tem cartas que ela o endereçou e, caso permita, compromete-se a entregá-las pessoalmente em sua cidade natal. Após seu consentimento tardio, Tristan vai ao encontro de Marian e, enquanto conversam, somos transportados para os horrores em que vivenciou quando treinavam para o combate, ainda na Inglaterra, e de quando viajaram para a França e ficaram nas trincheiras. Somos apresentados ao dia a dia angustiante da guerra, dos dilemas morais dos personagens, de suas perspectivas de vida, do companheirismo que se aflorava entre eles, da maneira como muitos se transformavam ao que chamariam de monstros estando fora daquele horror. 

Os capítulos finais, como disse, são reveladores e fazem jus a todo drama sofrido por Tristan em querer esconder o que fizera. Ainda assim, não vi razão pra tanta culpa. Provavelmente faria o mesmo. De qualquer modo, não o julguei como errado, monstro e nem tão covarde no fim. Ao contrário do que Will lhe disse, e este que nada sabia de sua vida, ele não estava fugindo. Pelo contrário, havia procurado sua família na esperança vã de uma reaproximação. Procurou o próprio Will e declarou seu amor, o sentimento mais puro e nobre que mantinha por alguém àquela fase de sua vida. E foi barbaramente trucidado, fuzilado por Will sem qualquer piedade, repito, a pessoa que mais amava até então - a única. Em minha mente, Tristan continuará sendo um garoto ingênuo, apaixonado e vítima de um tempo insensível ao amor e a dor humana.

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